O deputado estadual Sandro Régis (UB) voltou a criticar a importação de cacau vindo da África para a Bahia que acontece sem a devida proteção fitossanitária e cobrou por incentivos e linhas de crédito dedicadas aos produtores baianos. Nesta terça-feira (21), durante a audiência pública na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, o parlamentar também mostrou preocupação com o desequilíbrio na competitividade entre as amêndoas baianas e africanas na oferta para a indústria que processa o cacau.
“Sou bisneto de produtor, conheço a realidade. Como ter produtividade? Nós produtores estamos falidos. Como ter competitividade se o produtor não tem dinheiro? Tem que parar de discutir utopia. Sempre acontece essa conversa, e não se resolve. Não temos apoio técnico, hoje nós temos uma grande dificuldade em produzir cacau. O oeste é CNPJ e o sul é CPF. São situações completamente diferentes. O agricultor não tem acesso aos financiamentos”, pontuou Sandro Régis, que emendou: “Não se pode falar em produtividade, se o produtor não tiver condição de aplicar o mínimo de recursos em suas propriedades. O cacau não aguenta mais esperar.”
Desde o final do ano passado, a chegada de toneladas de amêndoas de cacau ao porto de Ilhéus, no sul do Estado, é alvo de protesto dos produtores baianos. Eles pedem a derrubada da Instrução Normativa 125, editada na antiga gestão do Ministério da Agricultura que retirou a exigência do uso de brometo de metila – gás que funciona como uma espécie de inseticida nas amêndoas.
“Nós que estamos na ponta tendo que pagar energia e funcionário. Querem que a gente concorra com a Costa do Marfim, que escraviza crianças. A lavoura cacaueira foi destroçada pela vassoura de bruxa. Se a monilíase chegar, vamos nos resumir a pó”, acrescentou Sandro Régis, advertindo também sobre o risco da doença devastadora que afeta as plantas de cacau.
“As indústrias determinam os preços, as safras. Não temos segurança para investir em nossas propriedades. Não temos nenhuma condição de enfrentar a monilíase. Se essa nova praga entrar, termina de falir”, acentuou.