Pré-candidatos à Presidência são alvos de mais de 160 investigações em tribunais

Um levantamento feito em tribunais superiores, federais e estaduais, mostra que entre 20 possíveis candidatos à presidência da República, pelo menos 15 são investigados. Casos que vão da Operação Lava Jato e suas derivações a outras investigações de desvio dinheiro público atingem pelo menos oito prováveis aspirantes ao Planalto. Há, inclusive, investigação sobre acidente de trânsito. Os dados são do jornal Folha de S.Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o líder das pesquisas eleitorais, mas deve ter a campanha inviabilizada pela condenação a 12 anos e um mês na Operação Lava Jato. Lula está preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Outras duas possibilidades do Partido dos Trabalhadores (PT) são Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, que é investigado por suposto uso de caixa dois, e Jacques Wagner, ex-governador da Bahia, investigado por suspeita de recebimento de propina na reforma da Arena Fonte Nova.

O presidente Michel Temer (MDB) possui duas denúncias e duas investigações em curso no momento. O Senador Fernando Collor (PTC) é réu na Lava Jato e tem, ainda, outros quatro inquéritos em andamento. Rodrigo Maia (DEM) é investigado em dois inquéritos da Operação Lava Jato.

O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, teve uma investigação enviada para a Justiça Eleitoral, o que o tirou da reta da Lava Jato. Entretanto, foi acusado por delatores da Odebrecht de ter recebido R$ 10 milhões em caixa dois e se tornou alvo do Ministério Público de São Paulo. Alckmin e Haddad possuem, ainda, ações ligadas a questões administrativas dos anos em que foram, respectivamente, governador e prefeito de São Paulo.

O ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro (PSC), é investigado por possíveis fraudes e investimentos do fundo de pensão dos correios.

O deputado Jair Bolsonaro (PSL) responde a duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), por injúria e incitação ao estupro. Bolsonaro já foi condenado em primeira instância por uma outra denúncia, de racismo, mas recorreu.

Ciro Gomes (PDT) tem cerca de 70 processos de indenização ou crimes contra a honra, todos movidos por adversários políticos. Entre as citações que renderam processo, Ciro teria chamado o presidente Temer de integrante do ‘lado quadrilha do PMDB’. Bolsonaro foi chamado de ‘moralista de goela’, José Serra de ‘candidato de grandes negócios e negociatas’. João Doria (PSDB) de ‘farsante’, e Eunicio Oliveira (MDB) de ‘pinotralha’, mistura de Pinóquio com Irmão Metralha.

Guilherme Boulos (PSOL) possui ações ligadas ao Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), de que é líder, e, ainda, uma ação por um acidente de trânsito de que teria sido o causador. Ele é acusado pelo dono do automóvel envolvido no acidente de não atender ligações para resolver o caso.

Segundo a Folha, esse número pode ser maior. Pode haver ações que correm em segredo de Justiça, processos trabalhistas, e ações movidas em primeira instância de estados que não são o de origem ou de ação política do presidenciável. A publicação levanta, ainda, a existência de tribunais que dificultam o acesso público a essas informações.