A função de qualquer religião seria difundir o valor do amor entre as pessoas, pois esse valor difundido seria uma forma de tornar as relações humanas mais harmoniosas e fraternas. Contendo os instintos selvagens dos homens por refletir e ao mesmo tempo induzir uma consciência moral, a religião seria, digamos assim, o caminho para Deus.
Mas, como o sentimento humano é motivado mais pelo egoísmo do que pela razão e a moral, a religião tem sido utilizada reiteradamente como um instrumento de alienação e manipulação de pessoas para a realização de projetos de poder e de necessidades materiais de muitos que se dizem "religiosos".
A Bíblia, livro sagrado das religiões cristãs, é um documento complexo, às vezes contraditório, e de difícil interpretação. Mesmo assim, são múltiplas e variadas as interpretações dadas dependendo muitas vezes das conveniências e do ego de quem se diz "escolhido" para a prática da profecia.
Treinados na arte do marketing e utilizando-se da própria interpretação bíblica, muitos “profetas” saem por aí formando legiões de seguidores. Vão propalando a “palavra do Senhor” como uma ferramenta de marketing poderosa para vender o produto “fé” no grande mercado da miséria e da ignorância. É assim que falsos profetas, e eles são muitos, capturam a religião e a transformam num negócio -- vendas de milagres garantem lucro.
Nada é feito para coibir os abusos cometidos em nome da religião (a coisa é histórica). Tudo é permitido, e os votos que as diferentes igrejas colocam no nosso tabuleiro político dão o tom desta permissividade. E o povo vái-se iludindo e achando que tudo é fruto das liberdades democráticas conquistadas, até mesmo a enganação.
De acordo com o pensamento freudiano, “as verdades contidas nas doutrinas religiosas são tão deformadas e sistematicamente disfarçadas que a humanidade não pode identificá-las como verdade”.
Como não temos a capacidade freudiana para entender estas verdades, deixamos aí um terreno fértil para a proliferação de muitos “profetas” que nada fazem além de motivar a fé do dízimo que não raciocina. É assim que eles aprisionam as mentes e cegam os olhos.
Enquanto isto, vamos perdendo o sentido da verdadeira religiosidade que deve ser fundamentada na razão e na moral do Cristo. À vista disso, é mandatário que a religião seja mais genuína. O ser humano, para o seu próprio bem, não pode ser induzido apenas a dizer “amém”.
Por Yalu Tinôco - mestre em comércio internacional e políticas
Receba diariamente as principais notícias! Siga a Rede Bahia em Dia no Whatsaap / Instagram / Facebook / Twitter (X) / YouTube / Rádio Web